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Campos do Jordão, 23 de outubro

Posted by lizzby on 11:29
Ficar sem dormir virou minha rotina. Afinal, pra que dormir? A gente perde tempo deitado descansando, e consciente de que já passamos metade da vida dormindo, digo que resta outra metade da metade pra viver ainda. Complicado? Acho que isso é papo de quem não dormiu direito e entrou na fase do “tonto de sono”. Quando a gente cansa demais a mente não acompanha, fica-se retardado e fala-se bobeira. Não sigam meus conselhos. Vou contar o que acontece com uma pessoa nesse estágio de passagem.
Sete horas da madrugada é um horário razoável pra se acordar, principalmente pra quem gosta do que faz, o dia rende e a gente termina tudo realizado. Porque o trabalho dignifica o homem! Tio Marx não devia trabalhar tanto, a ponto de escrever coisas desse naipe, mas quem sou eu pra discutir filosofia a essa altura da manhã, que já não importa o nosso bafo...
Campos do Jordão era o nosso destino. Há alguns anos que eu não aparecia por lá. A cidade tem uma cara de Europa, mas as pessoas não são nórdicas. Na realidade parece mais um cenário de casinhas e pracinhas coloridas. O clima é suavemente frio ( pelo menos no verão) e é tudo pequeno, as ruas, as lojas. Quem dera a odisséia tivesse partido direto pra essa parte... mas no entanto, tivemos alguns contratempos: o carro quebrou no meio da serra, faltando uns 8km pra chegar na cidade, então tivemos que esperar o guincho, enquanto o cantor que ia ser fotografado desmontava a caixa de marchas violentamente. Peças pra cá, um empurrãozinho ali, mas não teve jeito: seguimos viagem na incrível velocidade de 40km por hora. Paramos em uma mecânica, deixamos o carro por lá e corremos atrás de um taxi, mas tivemos que locar um carro pra girar a cidade. No meio desse processo, que não levou menos de 4 horas, o tempo foi fechando e a possibilidade de boas fotos diminuindo.
O desespero não tomou conta da nossa boa vontade, e bravamente deixamos pra almoçar depois da sessão de fotos, já que as nuvens estavam nos ameaçando. O lance foi entrar na cidade e procurar uma locação descente para os cliques, então decidimos por ordem lógica que o lugar fenômeno era o Capivari. Seguimos as placas, que nem sempre dizem a verdade e fizeram com que nós, pobres turistas azarados déssemos muitas voltas pelo caminho mais complexo até o local, que basicamente teria encurtado 5 morros e 3km se fossemos nativos.
Quando finalmente chegamos no Capivari, o sol já tinha desistido, mas nós continuamos pela lei da insistência e pela crença na contraposição da lei de Murphy. O make up foi na rua mesmo e o pseudo almoço virou um pacote de rosquinhas. Tudo em favor da arte! A sessão foi muito divertida, garantia que o nosso fotógrafo oficial sempre se preze. E ao fim do dia fomos ao tão esperado almoço, o qual almejava desde que havia pego o guia da cidade e que apresentava um restaurante japonês justo no Capivari.
Encontramos o restaurante, sedentos por apenas sentar em um lugar razoável e alimentar algo além do nosso espírito e ego profissional. Mas adivinhem quem resolveu aparecer? Murphy. O restaurante estava fechado. Isso se revelava muito pior do que se não tivéssemos encontrado o lugar. E como almoçar em outro lugar sendo que estávamos psicologicamente abalados? Mas eis que a simpática senhorinha japonesa abre a porta da esperança:
- Oi, vocês querem comer aqui, né? ( com sotaque oriental, diga-se de passagem)
Simplesmente o melhor yakisoba do mundo. Dormi e só acordei em casa. Mas quando tudo na vida parece que chegou ao fim, você descobre mais alguma coisa pra completar o dia: teria que me encontrar com a galera da banda AUB, fazer um social na pizzaria e depois dormir. O problema é que eu inverti a ordem e acabei dormindo na ida de carro até o local de encontro. Bom, eu estava dirigindo dessa vez e o resultado foi o mais besta do mundo. Arrastei a porta do meu carro no pára-choque de um Fusca.
Ok. Tudo seria ótimo, se as pessoas que eu estava pra encontrar não estivessem TODAS do lado de fora da pizzaria assistindo de camarote a minha (primeira) barberagem. Simplesmente porque a vaga de estacionar era GI GAN TES CA, e mesmo assim, quis destruir a lateral direita do carro. Achei que ficou vintage. Segundo Freud é um lance da infância misturado com demarcação de território, mas eu prefiro crer que estava no lugar errado na hora errada.
Pra completar a façanha, eis que surge a dona do Fusca: Elen. Bom, pra quem não conhece a Elen, a piada não vai fazer sentido: foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, porque ela não tem ciúmes doentios do carro e nem se importa com um riscadinho minúsculo no párachoque. Choquei!

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