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Cachoeira - São Paulo - Joinville - Navegantes

Posted by lizzby on 13:36
Igual a todo brasileiro, eu amo o carnaval. Talvez um pouco diferente da maioria em relação ao motivo. O que me atrai não são as festas, nem o bloco, fantasias e afins. Eu, como pessoa estranha que se preze, detesto bagunça, odeio filas e refrigerante quente. Então o que me faz movimentar 800km para me aproximar de todos os itens acima? O detalhe básico é que carnaval é um ótimo feriado para visitar os amigos. Bom, infelizmente ou não, muitos dos meus amigos moram no sul. Dizem por aí que o carnaval de Florianópolis é ótimo, mas eu não tenho visão para tal coisa. Eu sempre fui da singela opinião de que não são os lugares e sim as pessoas que deixam as coisas interessantes. Não desprezando o cartão postal da cidade em homenagem ao antigo governador Hercílio Luz, claro.

Passei as férias do fim de ano em Floripa e lembro claramente do dia em que combinei com meus amigos meu retorno, mesmo antes de saber quando iria embora: – No carnaval eu volto! Promessa é dívida, e mal sabia eu que os juros seriam tão altos. Depois dos dias na capital catarineta, acabei indo pra São Paulo, que de forma idêntica a anterior também é capital, só que nas devidas proporções. Passei um mês por lá, cursando cinema e com todas as possibilidades de movimento que a cidade proporciona, esqueci de comprar passagens para o carnaval. Eu sou mesmo distraída, sei disso.

Sendo assim, na quarta feira, basicamente um dia antes da minha viagem, comprei uma passagem de ônibus. É simples: você compra a passagem de bus leito para perto da meia noite, toma um dramin, agarra o travesseiro e só acorda na chegada. Tudo certo, até que pela manhã da quinta aparece uma incrível notícia de que a rodovia Régis Bittencourt, que liga o sudeste ao sul do Brasil, estava interditada. Choveu. Choveu e choveu toda a chuva do Brasil. De modo que o engarrafamento das 11 da matina já era de 36km. Os motoristas estavam levando cerca de 8 horas para atravessar o local. Achei bárbaro! Inclusive pensei em fazer umas comprinhas, caso passasse o carnaval na estrada. Também aproveitei pra gravar marchinhas de carnaval, se fosse o caso, a gente fazia a festa no busão mesmo, cheio de gente interessante.

O lance era ir por cima da tragédia, ou seja, avião. Agora pensem comigo na conta:

Carnaval + Sexta feira + Pessoas enlouquecidas pelo feriado = 0 passagens de avião.

Foi o que aconteceu. Não fosse Deus que sempre olha por mim. Havia apenas 1 passagem, em todas as possibilidades imagináveis de se chegar ao sul do país. Obviamente ela não era barata, e custava basicamente 4 vezes a passagem de ônibus. Como eu não sou portadora de uma conta de larga escala, recorri à saia da mamãe. Liguei, fazendo a coisa que eu mais detesto fazer: pedir. Ok é a minha mãe, mas vocês sabem como é, a gente sai de casa, paga as nossas contas então fica super chato ligar pedindo coisas, ainda que sejam assim tão urgentes e inadiáveis.

O lance é que o cartão da minha mãe, sabe-se Deus porque, não passou. Depois acabei descobrindo que quando você paga a fatura em um dia, leva um certo período pra liberar o crédito e foi isso que ocorreu. Mas como na vida a gente tem várias mães, minha chefesegundamãe liberou o cartão da empresa para eu comprar o bilhete. A essa altura do campeonato o horário do meu ônibus que ia de Cachoeira a São Paulo, já tinha passado. Sorte minha ter o Ney, que deu uma de speed racer e me levou na cidade mais próxima alcançando o bonde. Se eu fosse James Bond, faria uma boa piada agora.

Bom, obviamente cheguei em Sampa no melhor horário: o da chuva de cada dia. Tudo atrasou. Queria chegar a tempo de trocar a passagem antiga e recuperar o dinheiro, mas não foi possível. A cara do moço do guichê foi impressionante: - Se você tivesse chego há 10 minutos eu conseguiria cancelar, mas infelizmente não dá! Deu no que deu e eu fiquei com cara de paisagem durante uns 5 minutos. Não é todo dia que se joga 100 paus no lixo. Mas ao lado do guichê havia uma moça, que já nem era tão moça assim, com os olhos meio inchados de choro. Pensei o que teria haver com isso. Olhei pra ela e perguntei se estava tudo bem, se eu poderia ajudar em algo. Ela me disse que queria muito uma passagem para Balneário Camboriú, e que por causa do carnaval, elas tinham se esgotado. Bingo! Eu tinha uma passagem pra vender, certo que era Joinville, mas tem bus de hora em hora pra Balneário. Ela me ajudou e eu pude ajudá-la! Singelo, não? Eu deveria ter aproveitado a pouca graciosidade inerente do dia, mas estava preocupada com minha estadia. Ligava para minha amiga e caía na caixa postal. Só alegria, o importante é não ser assaltada! Peguei metro e acabei encontrando com ela e finalmente tudo certo de novo.

Meu voo por conseguinte, era 6:50h da manhã, uma delícia pra acordar. Fazendo as contas, eu tinha que chegar no aeroporto as 5:50, logo precisaria acordar as 4:50. Minha amiga, acabou de voltar da Europa e teve várias histórias pra contar, todas as fotos do Brasil para mostrar e conversar vai conversa vem fomos dormir tarde. A parte muito boa é que ela me levou no aeroporto. Contando isso de onde veio, só mostra o quanto ela me ama, porque pra ela é realmente um sacrifício acordar cedo.

Ok. Eu estava dentro do avião. Nada de errado poderia acontecer, certo? Bom, não fosse a tal Lei de Murphy que acompanha minha Dolce Vita, (Fellini remexeu agora) estaria tudo bem. Se querem rir da desgraça alheia, o avião não pegou. Isso meus amigos, exatamente como está descrito: O A-VI-ÃO -EN-GUI-ÇOU. Com direito a barulho de carro à álcool que não funciona de manhã cedo. Pensei: - Deus, faz essa joça funcionar que já foi bem difícil chegar aqui...pleeeeeeaaaase!

Deus é bom! O avião decolou e eu dormi a viagem inteira. Até que: - Atenção passageiros: nosso pouso está autorizado. Olhei fixamente pela janela aguardando o tão esperado momento de por meus pezinhos em solo joinvilense. Mas o avião estava no ritmo do carnaval e resolveu brincar com os passageiros, aquela brincadeira do beija, beija, beija...Só que ai você troca por: pousa, pousa, pousa! Ôoooooo até o chão... e...enganei vocês! O avião não tinha teto pra pousar (?). Subiu de  volta e ficou dando voltinhas no ar e tals, só pra aumentar a tensão. Até que veio a feliz notícia: - Aqui quem fala é o comandante, e infelizmente não estamos conseguindo fazer o pouso em Joinville. Vamos aguardar 15 minutos para fazer a segunda tentativa, caso contrário, retornaremos ao aeroporto de Congonhas.

Congonhas.

Lembrei da historia do cara da enchente que pedia pra Deus enviar um sinal. Passou barco, lancha, navio, helicóptero e o cara morreu afogado porque ficou esperando o tal do sinal divino. No céu perguntou pra Deus qual foi a dele em deixar ele morrer. E Deus: - Mandei um barco, duas lanchas, navio e até helicóptero e você nada né... (adoro quando Deus é irônico)

O avião fez a tentativa do segundo pouso. E ficou só na tentativa. Mas pra minha surpresa, aos 45 do segundo tempo a torre teve a brilhante ideia de mandar o avião pra Navegantes, que é uma cidade próxima e assim foi. O pouso foi tranquilo, mas tive que esperar quase duas horas para o ônibus me levar pra Joinville. Como eu não tinha nada pra fazer, resolvi escrever esse texto. A propósito, o ônibus acaba de chegar, sorte a nossa hein?


ps: prefiro não imaginar o que me aguarda.

2 Comments


rs... com tanta dificuldade pra ver seus estimados amigos, tem gente que ainda te menospreza neh.. esses serao teus amigos de verdade? ... enfim, eu tambem vivo viajando atras dos meus e apenas dois gatos pingados me dao um valor a mais que uma moeda de 1 real e eh nesses que eu me apego e sei que estarao sempre ao meu lado...

e no fim, foi pra micareta? ahahaha


Eu moro em Navegantes!Se você tivesse avisado te pegava no aeroporto e te levava a Jlle, podíamos ir escutando um cd que tenho muito bom, é da banda Beatrix, vc conhece??rs
O bom é que em uma hora vc estaria em casa!
...Mas vc nem avisou!!!!rs
Bjos

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